segunda-feira, 6 de abril de 2009

De volta a "casa"!


Quando passeamos e descobrimos o mundo, novas culturas, novas formas de vida, sentimos, pensamos e vivenciamos coisas que no nosso dia a dia, quotidiano organizado e monótono não temos a possibilidade de o fazer.


Estou a ir para casa depois de uma viajem de 2 semanas pela Bahia. Visitei tantas praias lindas de morrer de águas quentes, algumas logo ali ao lado das vilas, outras a horas de distância passando por matas cheias de bichinhos arripilantes.


Dentro do autocarro passei por vilas sertanejas, no meio do nada com aspecto de terem sido ali esquecidas as pessoas, mas olhando com atenção viamos crianças a brincar, pessoas a dançar ao som de música alta, e no rosto as mesmas precupações de qualquer pessoa, como pagar as contas no final do mês, como dar de comer aos filhos, que será da vida deles quando crescerem, se marginalizarão ou arranjarão uma boa mulher e um trabalho que lhes dê ao menos o pão nosso de cada dia! Talvez até conseguir juntar algum para o novo telemóvel (pois telemóvel qualquer peão da roça tem hoje em dia).


Vi centenas de pessoas a tentar vender alguma coisa ao turista que passa ali alguns dias a divertir-se, olhando como se fossemos seres de outra dimensão, uma que não tem preocupações, não tem de trabalhar no duro e fazer sacríficios para conseguir estar ali uns dias sem pensar em nenhuma das pressões e responsabilidades do seu quotidiano. Por incrível que pareça num estado com provavelmente mais de 80% de analfabetismo, o povo que convive com o turista tem a ideia que estes são todos burros, fácilmente enganáveis, tentam persuadir as pessoas na base de mentirinhas inofensivas a pessoa a comprar o seu produto. Mentir é pecado, a menos que seja para conseguir mais uns tostõesinhos.


Vi tantas crianças como adultos a pedir para comer, mas também muita gente para se drogar. Vi muitos turistas despreocupados sobre a miséria que envolve toda a fachada turística, mas também vi pessoas a ajudar no que podiam, a confiar nas pessoas locais de uma forma inacreditável, sendo que algumas vezes a confiança foi retribuída, outras nem por isso, mas mesmo assim a acreditar que vale a pena.


Fui tentada a tomar drogas leves, drogas pesadas; fizeram-me pedidos para mostrar o meu quarto da pousada a longas horas da noite, outros para simples curtição; pedidos para ficar a viver por lá; ofertas de trabalho; pedidos de casamento...E mais inúmeras coisas!


Disseram-me que eu era doida, mas também disseram que eu era muito corajosa; falaram que era a mais bonita da festa e também que eu não era muito bonita mas era interessante; disseram que eu era uma pessoa normal por perseguir os meus sonhos mesmo que sozinha, mas também ficaram surpreendidos pois nunca teriam corajem para fazer algo como eu fiz; abriram-me o coração, mas também me voltaram as costas; passaram-me a mão na testa para afastar o cabelo para o lado de forma carinhosa sem interesse mas também me perguntaram directamente o que era necessário fazerem para ganharem um beijo meu...


E no final desta viagemzinha, não sou mais nada daquilo que já não era antes...Não cresci, não sei mais sobre a humanidade que já não sabia antes, nem sobre mim mesma. Simplesmente estou com um bronze do caraças altamente e passei umas mini-férias ainda mais agradável do que as mega férias que já estou a viver há 2 meses! E venha mais um!

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