Nos últimos anos tenho tido a sensação que não
tenho aprendido muita coisa, penso que essencialmente por ter ficado como se
diz em inglês: "stuck".
Houve um aprendizado que me custou a interiorizar e por isso tenho ficado
meio bloqueada nesta coisa das lições de vida. Na verdade talvez haja mais do
que um, mas a simples consciência deste, penso que me está a fazer evoluir em
certa parte imenso.
A maioria das lições que tento ensinar aos que me rodeiam passam por
consciencializá-los de uma questão, e a partir daí essa problemática evolui e
acaba desaparecendo aos poucos.
A minha última lição, e já falei dela aqui anteriormente, tem sido o culto à
paciência.
A maioria do stress nas nossas vidas deve-se ao querer tudo, e para ontem!
O stress tem um antónimo que é a paz e a serenidade. A paz e a serenidade
por sua vez tem como sinónimo a paragem de usar como constante nas suas vidas a
preocupação. E a preocupação constante é quase como os pelos do corpo que não
param de crescer por muitos tratamentos que os sujeitamos diária e
semanalmente.
Perceber que dia tem apenas algumas horas e que apenas dispomos de
algumas armas, algumas oportunidades, algumas possibilidades de o modificar, de
o melhorar, de o tornar mais próximo do que queremos.
Perceber que o mundo anda a uma velocidade constante e certa, que a natureza
que nos rodeia demora a crescer, que tem ciclos, que não podem ser acelerados,
não podem ser fertilizados sem consequências muitas vezes nocivas para a nossa
própria vida e felicidade.
Perceber que as coisas não acontecem no ritmo que desejamos e que o obter
não tem sabor, o que o tem é mesmo o mastigar, tal como a comida só tem sabor
quando mastigamos e depois de engolir desaparece. É a vida e os desejos e as
vontades são assim, existem quando olhamos para eles, quando não os temos ainda
em nós, e depois de os mastigar, rapidamente desaparecem e começamos logo a
desejar mais ou outra coisa qualquer.
Perceber que é o caminho, com todas as suas dificuldades, com todos os
esforços, com toda a panóplia de incertezas e dúvidas que forma aquilo a que
chamamos de vida.
É difícil.
Requer aceitação de uma enorme quantidade de premissas a que não estamos
acostumados.
Requer rejeitar todas as informações que nos são ejectadas no cérebro
diariamente pelos nossos pares, pelos meios de comunicação, pela pressão constante
do mundo material.
Requer aprender a ser diferente da maioria, aceitar a rejeição e a
repreensão que vem junto com o bater do pé para uma forma de vida espiritual e
imaterial mais importante do que a materialista busca de felicidade através das
conquistas de coisas, de itens, de valor percebido pelos outros.
O mundo move-se segundo os Maias (e não só) na direcção de uma descoberta
destas premissas, é simples, abertura da mente para o mundo além do material,
para a descoberta dos verdadeiros “eu’s” de cada um, em detrimento de busca de
seres pré-determinados pelo mundo consumista e teconlógico.
Não é uma tarefa fácil, não tem sido, mas já que agora o próprio Universo se
diz estar preparado para entrar nesse ciclo, leva-me a crer que poderá ser cada
dia mais fácil, cada dia será mais bem sucedido.
E leva-me ainda a crer que não estarei sozinha nessa busca.
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