segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A bicicleta!

A bicicleta teve na minha vida até então significados muito diferentes.

Quando tinha...julgo que uns 4 anos o meu pai comprou-me a minha 1ª bicicleta. Eu não descansei enquanto não consegui livrar-me daquelas rodinhas que ele colocou de lado, sendo que, queria começar logo a andar nela e a viajar pelo mundo (o meu mundo era mais pequenino na altura, assim como eu também).

Depois de anos a rolar pelo mesmo pátiozinho às voltinhas e pelo mesmo parque a ir dar de comer aos patos e cisnes, viemos (a familia) morar para a Gafanha, que é também uma vila de bicicletas, para a minha sorte, tudo plano. Nos primeiros anos ía a pé para a escola primária com a minha irmã, apanhávamos outras crianças pelo caminho e tinhamos quase sempre companhia na volta também. Era uma caminhada de 15 minutos e a minha mãe só me acompanhava nela no 1º dia de aulas no início do ano em Setembro e até nisso, na 3ª classe já não era preciso, apesar de eu no fundo o desejar.

Quando cheguei aos 11 anos ganhei uma bicicleta novamente, era demasiado grande para mim, mas claro que já estavam a pensar no pulo que iria dar dali a nada...e dei! Com 13 anos era a maior da turma (ultrapassada pela minha irmã por 1 centímetro o que tinha de ser sempre vincado com firmeza por ela).

Usar a bicicleta, era apenas um meio para chegar a algum lado. Passear de bicicleta tinha sempre um objectivo específico que se relacionava com o ponto de chegada. Ou ía para a escola, ou ía para a casa da amiga, ou ía para o parque ver os skaters e os bikers (isto já a chegar aos 15 anos).

Ía de bicicleta para o basquet quando podia, ía de bicicleta para a ria para ir fazer canoagem. Usava a bicicleta para ir para a praia, para as festas, para os primeiros encontros românticos nas dunas das praias da Barra ou da Costa Nova (esta última onde dei o meu 1º beijo o que me fez ter de ouvir as amigas a cantar-me a música "Dunas" até se esquecerem desse fatídico dia).

Entretanto tirei a carta de carro, logo a seguir, fui estudar para Coimbra e larguei a bicicleta de vez. Andei pelo Brasil, onde bicicletas também não se vêem muito, e depois de terminar o curso voltei para casa e comecei a fazer aquelas coisas espectaculares que faço ainda hoje...actividade física em geral, ginástica localizada e Cycling!

Cycling é um dos termos que se dá a andar de bicicleta estática dentro de 4 paredes geralmente.

Depois de anos a andar numa, nunca imaginei ter um dia um trabalho que me faz pedalar e ainda mais pôr outros a pedalar ao meu ritmo sem qualquer objectivo de chegada, apenas de caminho. O objectivo é pedalar, por pedalar, pelo exercício e pelo movimento em si. Uns pedalam para emagrecer, outros para treinar para o BTT, outros para treinar para a melhor forma e eliminação dos males do tabaco. Há quem pedale porque gosta da música ou pelo que esta modalidade faz aos nossos rabinhos e coxas (awee).

Adoro. E sei que o meu percurso desde criança a pedalar fez com que hoje esta seja a minha modalidade forte, não só porque pedalar faz parte de mim, da minha vida, mas porque o meu corpo tem este movimento interiorizado, tal como temos o caminhar.

O meu trabalho é exercício e com a crise instalada as pessoas deixam ainda mais de cuidar de si. O que está errado.

Eu (vulgo nós) devia ser a profissional mais abastada e com mais trabalho, porque todos os 7 biliões de pessoas do mundo, ou pelo menos a parte mais ocidental, moderna, sedentária e com elevado risco de doenças cardíacas, deveriam exercitar-se com o objectivo de se mimarem, terem mais saúde e viverem bem e mais tempo.

Ainda uso a bicicleta de cestinho que a minha mãe tem lá em casa para ir até ao café ou até à praia.

Sabe mesmo bem...Mas o que sabe ainda melhor, é estar em cima de uma bicicleta a olhar para as expressões motivadas e energéticas das pessoas à minha frente a obedecer aos meus comandos ao som de uma música alta, cheia de batida!

Sabe mesmo bem, ver que o esforço vale a pena, que saem das aulas revigorados, mais vivos, mais felizes com elas mesmas, menos stress, mais sorriso!

Sabe mesmo bem, a mim, a vós. E espero que em breve tenha a oportunidade de voltar a sentir isso. Porque isso faz parte de mim e é algo muito bom que tenho para dar!

Vemo-nos numa bicicleta um dia destes...na estrada, na sala, nos sonhos ou no céu!

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