sexta-feira, 23 de março de 2012

Chiado

O Chiado esta semana está bastante na boca do povo devido à manifestação que aconteceu esta semana e que teve repercussões graves em termos de negação dos direitos civis e dos direitos humanos, porém acabo de chegar de uma semana a "viver" nesta zona e o rescaldo dessa vivência é maid do que positivo.

As relações e conexões que aconteceram ajudaram a que fosse uma semana inesquecível, as minhas parceiras de viagem e que me proporcionaram esta aventura são a base do bolo que foi construído, o recheio foi o tempo espectacular de Verão e a cereja no topo do bolo...a possibilidade de sair da rotina e experiênciar a capital de uma forma que jamais havia provado.

Uma zona que transmite uma energia fabulosa, sempre rodeada de edifícios antigos, que lembram outros tempos...o nosso Pessoa (estátua diga-se) sempre ali sentado a observar as gentes e a tansportat-nos para um mundo poético, lírico, fantasioso e fabuloso...a nossa mente!

Um dos melhores momentos dessa semana foi sem dúvida a corrida/passeio que fiz na companhia da minha pseudo-coordenadora Isabelle, onde percorremos o cais do Sodré, a Apolónia, santos e por fim a zona da Bica e do Chiado...a suar e a espreguiçar, a sentir o calor na pele, as vibrações no corpo e com isto tudo um sorriso enorme que se prolongou até ao último dia da despedida, quase que apeteceu roubar aquela música aos Coimbricenses...Lisboa...tem mais encanto, na hora...da despedida! E teve! Na chegada, no durante e no depois!

Bem haja Portugal!



terça-feira, 6 de março de 2012

Morte

A maioria das pessoas que conheço vivem a vida como se nunca fossem morrer. Parece-me descabido e uma das principais razões pelas quais a infelicidade bate a tantas portas. Qer-se tudo menos viver...na verdade quer-se mais rejeitar a morte do que propriamente viver.

Se ao invés de fazermos de conta que nunca iremos embora desta terra, desta vida, deste corpo, desta rotina, desta monotonia, deste "tem que ser", deste fado, destas circunstãncias, destas responsabilidades, destes a fazeres, desta preocupação constante, desta necessidade constante, deste amontoar de coisas e de coisas assim.

Se passarmos a estar conscientes da iminente perda de vida a cada instante (de forma claramente positiva claro) teriamos em mãos mais e melhor capacidade de gestão do uso de nosso tempo, pouco tempo aqui nestas mesmas circunstâncias presentes. Primeiro, o passado desaparecia como algo importante para se remoer, porque estaria-se a perder tempo essencial em viver o presente com coisas que já não se podem mudar e se sabe que não se repetirão, pois o que foi não volta a ser. Segundo o futuro seria apenas os próximos segundos e talvez entretanto se houverem mesmo semanas, anos e meses, no momento como não se sabe se é segundos...viver-se-ia, sentir-se-ia, falar-se-ia, olhar-se-ia tudo e todas as coisas de uma forma sublime...única...rara...especial, porque efémera...porque subtil e milagrosa, uma oportunidade que não se pode perder, nem desperdiçar, nem estragar com preocupações e pressões e dúvidas e coisas assim também...

E se ao invés de fazer de conta que se vive para sempre, se ganhássemos a capacidade de fazer de conta que se morre daqui a nada! Fazer tudo o que se diz que se faria se se soubesse que se ía morrer amanhã! fazer isso...e depois no dia seguinte, já que não se morreu fazer outra vez tudo o possível, humanamente possível, mas sem estragar nada, porque afinal, pode não ser amanhã, pode ser mais além...pode até ser 50 anos depois...mas não se sabe e por isso, vive-se, cada momento...único, maravilhoso, com mais ou menos coisas...mas vive-se, esperneia-se, diz-se o que se pensa, o que se quer...ajuda-se, dá-se, mostra-se o melhor de nós, para algo ficar aqui que valha a pena quando o nosso arfar se desvanecer por entre uma brisa de vento quente, por entre a gélida fracção de segundo entre um batimento e outro...


domingo, 4 de março de 2012

2º Poema em Exposição no Perlimpimpim


Solstício

Palavras frias colocadas em camadas finas,
Congelando mesmo a alma mais pura…
Para nada servem, inundam ferozmente!

Soltam-se apavoradas sem sentido ou brio,
Querem, desejam, gritam de vontade…
Foge, para o lugar onde não mais as sentes!

Só, desamparo; vazio, desassossego,
Cala-te mundo, quando fecho os olhos…
Este frio não me abandona!

Palavras quentes pululam desgovernadas,
Algures no tempo, num lugar, numa fantasia…
Pinto-as na mente, preenchem a esperança!

Contêm-se no silêncio da madrugada,
Inundam os lençóis, perdem-se em suspiros…
Vai, para o lugar onde mais as sentes!

Juntos, encontrados; preenchidos, agitados,
Fala-me ao ouvido, quando te sinto com o corpo…
Este frio não mais me incomoda!

18/01/2012
Otília Trindade Pedrosa



Exposição: Inverno Artistico - com o tema: "Combate o frio com Arte".
Interpretação de Dança na recitação deste poema - 3/2/2012
Associação A(c)tua Aveiro

Poema em Exposição no Perlimpimpim!


 Equinócio

Sinto a brisa do teu toque por entre as breves paisagens do vento.

Ouço o gritar das folhas que caem pelas mudanças do tempo.

Vejo as cores das tuas gargalhadas suprimidas nos recantos do teu olhar, doce, amargo, fútil, sentido, ser…

Longe, encostado, mimado, frio, ter…

Estou tão cansada de ficar parada no silêncio das músicas que enchem o cenário dos momentos fugazes que não voltam mais.

Estou feliz por dançar por meio dos rios e das árvores na alvorada das tardes, aclamando aos prantos o fim do sossego…

Almejo os brancos cisnes, na volta das marés, por entre os lugares insípidos, rastejando, procurando o lugar cravado nas páginas do caminho divino.

Palavras soltas, perdidas, encontram-se no coração de quem luta, na nostalgia do que possa fazer, sofrer, sorrir, chorar e tecer a humilde fronteira entre o que não foi e o que se foi…ou será.

Persistentes audazes, ritmos que pululam, abrindo buracos e rasgos porque se perguntam, porque se pedem, por ser mais do que se espera, por não querer mais do que estar, juntos, amarrotado, suado, enrugado, ao teu lado…


14 de Julho 2011
Otília Trindade Pedrosa

Exposição: Inverno Artistico - com o tema: "Combate o frio com Arte".
Associação A(c)tua Aveiro

sexta-feira, 2 de março de 2012

Olhos

Se nos queremos conhecer temos de nos olhar ao espelho, olhar nos nossos próprios olhos, fixamente, prolongadamente...sem receio, mostrando o que nos vai na alma, tentando entender o que eles nos querem dizer, ouvir a nossa criança interior, o adolescende, o adulto em nós, o irmão, o pai, a mãe, o amigo e o colega em nós. Porque somos tudo isso e mais.

Olho no olho...penetrando e aos poucos se perdendo, encontra-se as emoções, queremos desviar o olhar de nós mesmos, como se estivéssemos a olhar um estranho, um qualquer desconhecido que nos incomoda repentinamente com o seu olhar indiscreto. 

Vamos mais além quando nos mantemos firmes, sem deixar o medo avassalar a vontade de seguir em frente, no caminho da sua própria sabedoria. Conheceremos o mais profundo quando nos atrevermos a atravessar a linha do horizonte que os nossos olhos não vêem, o horizonte do corpo, a alma.

Ilha minha...ilha tua...

Emoções embrulhadas em papel cintilante, laços gigantes e cartões carinhosos,
Palavras escritas em papel manuscrito, selado com o sabor do beijo,
Pensamentos guardados em cofres escondidos, perdidos em ilhas desertas.

Coragem e força para conseguir entregar de forma subtil a prenda mais desejada,
Perspicácia e instinto para adequadamente escrever o que se sente, na hora certa,
Enverdar à conquista do mapa do tesouro, para encontrar o desejado!