segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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Havia uma época na minha infância que eu ficava surpreendida com maldade do mundo...
Sentia-me triste e inútil perante a imensidão do mundo e a subtileza e rapidez da vida!
Sentia-me sufocada por fazer coisas e não ter o tempo suficiente para as fazer a todas.
Corroía-me a ideia de que havia tantos livros para ler e tão pouco tempo...
Havia tantos lugares no mundo para visitar e tão poucas oportunidades.

Mas o que me incomodava mesmo era aquele fenómeno de sermos todos da mesma espécie e andarmos sermpre e todos os séculos e todos os lugares às turras uns com os outros.

Não entendia como seria possível seres humanos, todos possuidores das mesmas características...olhos, cabeça, pensamento racional (alguns) e tão poucos parecerem ter bom senso;
Parecia-me estranho termos todos os sentidos ofacto, tacto, paladar, fome, sede...e haver tantos com tanto e tantos mais com tão pouco mesmo ao lado.

Achava impossível andar-se a guerrilhar por causa de meia dúzia de terras quando o mundo era tão grande e havia tanto para toda a gente.

Considerava impossível sermos modernos e adultos, e andarmos ás guerrinhas egoístamente como se crianças inconscientes se tratassem.

Considerava o mundo adulto mais sábio...Que ingénua!

Hoje...quando observo duas pessoas que se gostam...de costas viradas, sem sequer comunicar! Cheias de raiva, cheias de incompreensão, mágoas! Quando me apercebo que nem mesmo quando as pessoas se amam...se conseguem entender, conviver no mesmo espaço/território, são incapazes de partilhar pensamentos e vontades...Não conseguem chegar a consensos...

Apercebo-me que afinal...também eu cheguei à tal idade adulta...sendo igual aos demais animais...
Entendo as guerras e os combates...a atrocidade e a miséria!
Erramos, não perdoamos.
Magoamos, não acreditamos.
Caimos e não nos levantamos.
Matamos e sobrevivemos.
E mesmo quando tristes e infelizes...
Continuamos a achar que ter razão e querer tudo para nós...é o caminho a seguir!

Eu não consigo vender num mundo cruel...mas posso ser feliz nele.
Posso não ter tudo do mundo...mas posso estar contente igualmente.
Posso sentir-se só!...
Mas...acredito em mim.

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